quarta-feira, 27 de abril de 2011

Café

Não tinha como um viciado em café não escrever sobre.

Olhos vidrados, cabeça doendo, coração em disparada...não são sintomas drogalíticos excessivos, mas sim o sombrio líquido em falta.
Aquele que faz as cabeças de recrutas a caudilhos, impondo seu poderio ofensivo, acabando com a paz e saindo dos trilhos.

Torra grão Pérsico, agora não...sério?, pois a demora insana de algumas horas me faz enlouquecer...quero beber.
Estimulante...acho que não, pois tomo copos e corpo fica são...como podes então ter fama de vilão?
Injusto, hooo grão torrado, moído e filtrado. Tu que relaxas este ente calcinado, esfalfado e estressado. Estimulante...não...nãoooo és vilão.

Glorifico Kaldi e suas cabras que comeram do cafeeiro. A vivacidade adquirida os deixou prisioneiros. Assim como todos egípcios, árabes e turcos. Todos cativos em seus muros.
Esperta foi Constantinopla, que levou o ditado a sério, se não pode vencê-lo, junte-se a ele...ou prive-se do mais deleitoso mistério.

Em 80, segunda commodity atrás do petróleo, hoje combustível para mente e do coração és o óleo.
Lubrifica minhas entranhas, amacia meus músculos, harmoniza minhas sinapses...lassia-me tudo. E sobre meu braço lasso minha íris esmorece, pois tomo-te e nada ilumina-se, ao contrário...escurece.

Vens da Etiópia, direto para mim, com paradas mil até difundir-se...enfim.
Seria injusto um “vilão” ser enaltecido deste jeito, se mal fizestes já terias tido um leito.

Eu não me importo, sou teu prisioneiro. Nesta cela morrerei, passando de janeiro a janeiro.
Sejas diluído ou concentrado, candente ou álgido, não importa desde que estejas ao meu lado.
Coffea arabica abundante, já que nunca és o bastante. Tanto faz por fora ser branco, negro, amarelo ou mestiço, sendo por dentro da cor bruna deste delicioso líquido.
O fluído em questão, nunca será vilão. Ao menos, para mim, o café é o que me faz feliz e me deixa são.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Semana Santa à Brasileira


Santificada seja a semana santa,
Santíssima trindade, peixe, festa e bebida até tarde. 

Feriado santo, carne vermelha fora, mas branca empanturrando.
Pode? Pode, mas não exagere, pois carne vermelha no asfalto apodrece.
Mas como? Se regada a álcool endurece.

Entretanto, nem tudo está perdido. Já que temos o coelho, nosso melhor amigo.
Chocolates no almoço, mas quem é mesmo o santo do querido mamífero lagomorfo?
Será Joaquim José da Silva Xavier? Quemmmm?
Não importa, no Brasil todos estamos fora....de rumo, sem memória.

Semana santa, Santo Graal do prazer. Farras, festas e folias até o amanhecer.
Mas o que comemoramos mesmo? Qual santo devemos enaltecer?
Santo cervejeiro? Santo festeiro? Não importa, quando o que queremos é estar longe do emprego.
Mas...gostamos do stress. Estrada...1...2...3...4...5 horas.
Melhor irmos a pé.
Assim como ele foi...sofreu, morreu e ressuscitou, para quê?
Vamos nessa, pois a festa hoje é no meu apê. 

Haaa....semana santa, santíssima trindade, mulher, homem e sacanagem até tarde.
Quando aprenderemos sua importância?
Haaa!! Isso é besteira,
Pois aqui comemoramos a Semana Santa à Brasileira.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Povolhaço


“Deputados e senadores aprovam aumento dos próprios salários (R$ 26 mil).”

Ha ha ha ri o povolhaço de satisfação, nunca vi tamanha felicidade.
Nós no poço, eles no gozo, mas como dizem “em pé de igualdade”.

Chegaram nossos representantes no grande picadeiro, dormindo o dia inteiro...não, acordados também, pois sabem confabular como ninguém.

Estamos felizes, somos o reflexo da vossa imagem, já que emissários são da nossa liberdade.
Agora sim...estamos livres, pois não carregamos nada. Nem ouro, nem prata, sem comida, quanto menos água.

Mas daqui a quatro anos entraremos novamente na fila, esses são nossos melhores palhaços e, é claro, pior do que tá não fica.

Ficam vinte e seis mil razões para chorar, nunca ouviu dizer “o palhaço é o mais triste que existe lá”.

Circo Brasil, o maior espetáculo da terra. Não usamos animais, somente na plateia.
Apresentamos exclusivamente nossas palhaçadas, riam...riam muito, e esqueçam-se das trapaças.

Pois, esperto é o palhaço, que pega, esconde, usa, se lambuza e o que sobra é nosso salário...mínimo.
Mínimo de decência...já não temos, roubaram nossa inteligência.

Mas quem sabe um dia o povolhaço mude, e se torne o dono do picadeiro. Não podemos nunca esquecer que eles são ricos, mas pagam com nosso dinheiro.